sábado, 7 de março de 2009

Cagada do Destino




Esse episódio foi e ainda é um dos mais cômicos da minha vida, mas é engraçado pra quem lê, pra quem viveu foi o terror.

E começa na sala de aula no 3° ano, já às portas da formatura, contando os dias pra acabar. Sempre tive, e até hoje tenho amigos bem loucos, gente que devia estar internada em um sanatório, mas por obra do acaso estão à solta por aí.

E uma das coisas divertidas que nós encontravamos pra fazer durante as aulas finais era desafiar a corajem um dos outro, como? Eu explico, derrepente alguem trás desodorante pra sala e quer ver quem consegue espirrar isso nos olhos... coisas bem estranhas, mas que provocam boas risadas.

E em uma dessas aulas, eu ponho a mão debaixo de minha carteira e encontro o que até hoje eu não sei o que era, uma massa meio cinza, cheia de impurezas da mesa que se acumularam por muito tempo, cheirava mal, e não parecia nem ser da terra. Encontro a maneira de desafiar os loucos a comer aquela bosta.

As primeiras perguntas foram:
_ Mas que porra é essa?
_ De onde saiu essa merda?

Expliquei que não sabia o que era, nem se era comestível. Todos tremeram na base, uma coisa é brincar, mas aquilo poderia até desafiar a vida do infeliz que comesse. Ninguem quis arriscar, ameaçaram jogar fora, disseram que era maluquice, e no fim das contas o desafio se virou pra mim.

Eu deveria comer primeiro pra saber se tinha pelo menos, gosto bom, ou se não era tóxico. Não sei como esperavam que eu fizesse essa análise só por comer. A princípio não quis, disse que não, bati o pé, fiz birra, ameaçei vomitar e nada, todo mundo queria saber o que diabos era aquela merda, mas ninguem queria comer.

No fim das contas tirei um pedaço e comi, tinha gosto de queijo velho, não gostei e joguei o resto fora. Depois de analizar a situação pensei.

" Eu posso morrer, mas que merda, porque eu fiz isso? Ah, na pior das hipóteses vai me dar uma diarreira braba."

Continuei minhas atividades, e parei de pensar nisso. Perto do sinal da saída começaram os sintomas:
. Suor frio;
. Ânsia de vômito;
. Calafrios;
. Vontade de cagar;
. Fortes dores na barriga.

Contei os segundos pra tocar o sinal e voar pra casa, os segundos se estenderam ao máximo até que a aula terminou. Joguei meu material na mochila e parti em disparada pela porta, e já perto do portão ouço alguem me chamar. Me viro e vejo, quem estava me chamando era uma menina linda, que estava fazendo um trabalho( não me lembro do que), e queria a minha ajuda. Disse que estava atrasado e tinha que ir embora, ela ignorou isso e começou a falar compulsivamente.

Pela minha cabeça passavam milhares de coisas, se eu cortasse ela e fosse embora acabaria com qualquer chance futura com ela, se ficasse alí iria cagar lá mesmo e acabaria com qualquer chance futura com ela. Tentei me concentrar no que ela me perguntava, mas minha cabeça ficava cada vez mais vazia, mais leve, e meu corpo quase parecia que ia voar. Quando não podia mais aguentar, a vontade de cagar se tornou a unica coisa em que eu conseguia pensar, não adiantava continuar fingindo interesse.

Disse que tinha que ir, e fui embora. Olhei pra trás e lá estava ela me olhando, fiz um gesto com os braços dizendo que não podia fazer nada, tinha que ir embora. Cheguei em casa, cagei muito mal, e me senti um novo homem, tudo voltou ao normal e quase consegui ficar feliz. Não fosse o fato de ter deixado a menina sozinha teria sido muito melhor.

Depois fiquei pensando que aquilo poderia ter acontecido em qualquer dia, mas porque logo quando ela precisava de mim, comecei a acreditar no destino, afinal é mais fácil achar que eu não tive o controle da situação. Ela nunca mais falou comigo, e eu voltei às maluquices com os meus amigos.

E a lição é:
"Cuidado com o que você come, você pode estar desperdiçando uma chance única."