domingo, 28 de junho de 2009

A Casa da Árvore


Quem nunca sonhou com uma casa na árvore, toda criança um dia já quis ter uma. E eu tambem já quis ter, e tinha amigos que compartilhavam da mesma vontade; e é assim que começa o conto de hoje.
Não sei exatamente em que ano, eu devia ter por volta de 13 ou 14 anos, estava de férias da escola, e não tinha absolutamente nada pra fazer, éramos por volta de 15 vagabundos( vulgos amigos), que estavam sem ter lugar pra viajar e entediados. Eu na minha infância tinha muitos amigos, independente de nos gostarmos de fato éramos amigos.Não sei exatamente quem foi que teve a idéia, mas aquilo cresceu no meio da galera com força total; vamos ter uma casa na árvore.
A idade média dos organizadores da façanha, era basicamente a minha, ninguem tinha noções de engenharia, e não fazíamos idéia de como iniciar o projeto. Felizmente eu morava em um lugar bem fornecido de árvores, elas estavam por todo lado, e eram favoráveis à construção de uma casa nelas; mas não pensem que por isso seria mais fácil trabalhar, hoje eu penso que seria melhor até que essas árvores não estivessem lá, pois aí não teríamos esperança e nem teríamos tentado.
Cogitamos fazer uma vaquinha e comprar uma dessas pré-fabricadas, mas isso ia custar uma fortuna, e logo essa opção foi descartada. A segunda opção era tentar fazer de qualquer jeito e ver com fica; pareceu bem mais interessante. Novamente uma condição favorável surgiu, uma obra tinha começado perto de onde morávamos, e material de construção estava sempre sendo deixado de lado, e nós nos aproveitamos disso, conseguiamos madeira, pregos tortos, escadas velhas, coisas que os operários da obra iam jogar fora, e nós aproveitávamos; mas não pense que era só lixo, eles jogavam bastante coisa boa fora, tábua inteiras de madeira, até tinta nós conseguimos.
Na mesma semana que os recursos começaram a aparecer nós começamos as obras, escolhemos as árvores que pareciam mais sólidas no solo e começamos a levar tudo pra cima. Foi um período extremamente frustante, as obras começavam, vinha a chuva e estragava tudo o que nós tinhamos feito, e tinhamos que trabalhar pra reparar o que a chuva tinha estragado. Os nossos "operários-mirins" geralmente eram proibidos pelos pais de continuar trabalhando, e muitas vezes foram tirados do canteiro de obras na marra mesmo.
Antes de ser ter qualquer coisa pronta já se iniciavam os conflitos de poder, muitos não se gostavam, e o grupo estava ameaçando a ruir por disputas internas. Quem iria usar a casa depois de pronta ia ser um grande problema, as diferenças entre os que estavam dando o sangue na obra estavam começando a aparecer. Mas mesmo assim todos igonoravam o que ia acontecer e trabalhavamos juntos, mesmo existindo o conflito de influência.
E depois de muitas lágrimos( martelei meu dedo váias vezes), suor, gritos e frustações, a base da casa ficou pronta, era uma merda, fazia barulho quando se andava nela, e não parecia nada seguro, mas isso seria consertado com algum reforço na estrutura. Tenho certeza de que violamos diversas regras básicas de engenharia, arquitetura, física, agronomia, psicologia, oceanografia, astrologia dentre outras áreas de conhecimento, mas finalmente tinhas o nosso solo, e não precisávamos mais andar ao nível dos menos desenvolvidos.
Um dia, foi o tempo que eu aproveitei da casa ( na verdade nunca chegou a ser uma casa), pois uma tempestade muito forte se iniciou e derrubou muitas árvores das redondezas, inclusive uma das que eram usadas como sustentação da casa, depois desse dia a vontade se foi por completo, por uma dia todos nós tinhamos vivido como seres superiores e agora estávamos de volta andando no chão, isso acabou com a motivação de qualquer um. Ainda aconteceram várias tentativas menores de reconstrução, mas nenhuma vingou de verdade, a maioria dos "operários-mirins" tinha perdido as esperanças, e alguns poucos não iriam conseguir levantar o sonho de novo.


E a lição é: " Trabalhe até quando ainda existir esperança"

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"Porradinha"



É sempre assim, eu fico um tempão sem postar merda nenhuma e de uma hora para a outra eu ressurjo das cinzas com uma historinha nova. Não vou pedir desculpa pra quem ainda lê o "cc", até porque acho ninguem mais vem aqui.

Vou voltar no tempo, na época que ainda era um pequenho menino, cheio de sonhos, cheio de esperança nessa mundo( continuo tendo sonhos). Eu devia estar na 6° ou 7° série, não tinha nada a perder, ia todos os dias pra escola para não fazer nada educacionalmente produtivo, sempre arruma alguma coisa pra me ocupar nos intermináveis minutos de aula. E foi nesse ócio escolar que eu e alguns amigos bolamos a mais divertida de todas as brincadeiras da escola, a "porradinha", hoje em dia acho que aquilo era meio parecido com o filme "Clube da Luta", retardados aos montes se juntavam pra bater uns nos outros.

Muitos devem estar pensando:

"_ Que cara retardado!"
"_ Eu jamais faria uma merda dessas"
"_Que foda, queria ter te participado"
"_ Homens são uns trogloditas, só sabem se agredir"

Mas o que eu tenho a dizer é quer era muito legal, experimente pelo menos uma dia estar no meio de mais de 15 pessoas dando socos e chutes pra todo lado e você irá me entender. Todos os dias depois da aula, os participantes se juntavam num gramado extenso na escola, e por cerca de 10 minutos aquilo se tornava o coliseu de roma. Gente apanhando, gente olhando, gente rindo, tinha todo tipo de pessoa participando, e isso foi ganhando proporções grandiosas demais para meninos da 7° série administrarem, a organização começou a falhar e a famosa "porradinha" passou a ter vida própria, muita gente de outras séries e de outros turnos começaram a participar, pessoas estavam começando a se machucar, até que foi proibida pela direção( não que já não fosse proibido antes, mas agora eles fiscalizavam os lugares de encontro).

A "porradinha" passou a ser uma atividade praticada na surdina, e pra confessar eu passei a ter medo de entrar, começou a ficar sério demais, e na maioria das vezes as lutas não terminavam dentro do ringue. E na minha aposentadoria das arenas resolvi investir em uma última luta, e essa foi ganhando proporções grandiosas( não por minha causa, é claro) , afinal voltariamos às origens do gramado, mesmo sob fiscalização da diretoria que poderia aparecer e acabar com a graça.

Naquele fim de aula todos se reuniram e assim começou, foi muito divertida, bati e apanhei muito, até que se iniciou um tumulto nos arredores da platéia, eram os inspetores que iriam levar qualquer um que estivesse "se porrando". Não sei como, mas quase todos da platéia desapareceram como fumaça, e sobraram somente os que estavam lutando. Iniciou-se uma verdadeira correiria, todos se espalharam e os poucos que continuaram foram capturados.

Consegui correr com alguns amigos, mas os inspetores continuavam a captura pelos corredores da escola, e não era difícil identificar os que participaram da brincadeira, eu por exemplo estava sujo da cabeça aos pés de terra, cheio de grama pelo corpo, e arranhado em alguns pontos. Parecia não ter escapatória, íamos ser punidos. Até que um dos que estavam comigo teve a idéia:
_Esperar o sinal de saída das outras turmas e sair junto deles, disfarçado na multidão.

Não teve erro, quando o sinal bateu, todos fomos nos juntar às outras turmas que iam embora e fomos sem maiores problemas. Nunca mais voltei a participar disso, e depois de alguns meses de clandestinidade a "porradinha" foi extinta por completo. Poucas foram as vezes em que ouvi falar da atividade depois daquele ano, acredito que nem exsta mais na minha antiga escola.

E a lição é: " Viva a vida, mesmo que isso signifique tomar alguns socos"

sábado, 7 de março de 2009

Cagada do Destino




Esse episódio foi e ainda é um dos mais cômicos da minha vida, mas é engraçado pra quem lê, pra quem viveu foi o terror.

E começa na sala de aula no 3° ano, já às portas da formatura, contando os dias pra acabar. Sempre tive, e até hoje tenho amigos bem loucos, gente que devia estar internada em um sanatório, mas por obra do acaso estão à solta por aí.

E uma das coisas divertidas que nós encontravamos pra fazer durante as aulas finais era desafiar a corajem um dos outro, como? Eu explico, derrepente alguem trás desodorante pra sala e quer ver quem consegue espirrar isso nos olhos... coisas bem estranhas, mas que provocam boas risadas.

E em uma dessas aulas, eu ponho a mão debaixo de minha carteira e encontro o que até hoje eu não sei o que era, uma massa meio cinza, cheia de impurezas da mesa que se acumularam por muito tempo, cheirava mal, e não parecia nem ser da terra. Encontro a maneira de desafiar os loucos a comer aquela bosta.

As primeiras perguntas foram:
_ Mas que porra é essa?
_ De onde saiu essa merda?

Expliquei que não sabia o que era, nem se era comestível. Todos tremeram na base, uma coisa é brincar, mas aquilo poderia até desafiar a vida do infeliz que comesse. Ninguem quis arriscar, ameaçaram jogar fora, disseram que era maluquice, e no fim das contas o desafio se virou pra mim.

Eu deveria comer primeiro pra saber se tinha pelo menos, gosto bom, ou se não era tóxico. Não sei como esperavam que eu fizesse essa análise só por comer. A princípio não quis, disse que não, bati o pé, fiz birra, ameaçei vomitar e nada, todo mundo queria saber o que diabos era aquela merda, mas ninguem queria comer.

No fim das contas tirei um pedaço e comi, tinha gosto de queijo velho, não gostei e joguei o resto fora. Depois de analizar a situação pensei.

" Eu posso morrer, mas que merda, porque eu fiz isso? Ah, na pior das hipóteses vai me dar uma diarreira braba."

Continuei minhas atividades, e parei de pensar nisso. Perto do sinal da saída começaram os sintomas:
. Suor frio;
. Ânsia de vômito;
. Calafrios;
. Vontade de cagar;
. Fortes dores na barriga.

Contei os segundos pra tocar o sinal e voar pra casa, os segundos se estenderam ao máximo até que a aula terminou. Joguei meu material na mochila e parti em disparada pela porta, e já perto do portão ouço alguem me chamar. Me viro e vejo, quem estava me chamando era uma menina linda, que estava fazendo um trabalho( não me lembro do que), e queria a minha ajuda. Disse que estava atrasado e tinha que ir embora, ela ignorou isso e começou a falar compulsivamente.

Pela minha cabeça passavam milhares de coisas, se eu cortasse ela e fosse embora acabaria com qualquer chance futura com ela, se ficasse alí iria cagar lá mesmo e acabaria com qualquer chance futura com ela. Tentei me concentrar no que ela me perguntava, mas minha cabeça ficava cada vez mais vazia, mais leve, e meu corpo quase parecia que ia voar. Quando não podia mais aguentar, a vontade de cagar se tornou a unica coisa em que eu conseguia pensar, não adiantava continuar fingindo interesse.

Disse que tinha que ir, e fui embora. Olhei pra trás e lá estava ela me olhando, fiz um gesto com os braços dizendo que não podia fazer nada, tinha que ir embora. Cheguei em casa, cagei muito mal, e me senti um novo homem, tudo voltou ao normal e quase consegui ficar feliz. Não fosse o fato de ter deixado a menina sozinha teria sido muito melhor.

Depois fiquei pensando que aquilo poderia ter acontecido em qualquer dia, mas porque logo quando ela precisava de mim, comecei a acreditar no destino, afinal é mais fácil achar que eu não tive o controle da situação. Ela nunca mais falou comigo, e eu voltei às maluquices com os meus amigos.

E a lição é:
"Cuidado com o que você come, você pode estar desperdiçando uma chance única."

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ringue da vida

Sou um cara que preserva a paz acima de muitas coisas, evito confrontos diretos a todo custo. Mas em certos momentos isso é inevitável, é partir pra cima e "sair na porrada", ou viver com o rabo entre as pernas, apenas ouvindo.

E essa história começa assim, eu, com meus 16 anos, revoltado com tudo, todos me ameaçavam de alguma forma, e eu tentava a todo custo me impor no mundo. A escola era um saco, os professores uns malas, e sempre tem aquele almofadinha da sala que acha que sabe de tudo, que sempre responde bem ao professor, e até hoje eu não sei, mas esse tipo de pessoa me tira do sério muito fácil.

Esse cara era um escroto de marca maior, se vestia bem, falava bonito, era educado, e um falso. Desde o dia em que eu o ví, soube que iamos ter problemas no futuro. Nunca fui burro, mesmo não gostando da escola, eu ia bem nas provas, e era entendido nas matérias. E esse cara talvez tenha se sentido incomodado por mim, e tambem não ia com a minha cara.

Certo dia, depois de alguns desentendimentos, ficou decretado que seriamos desafetos eternos. Sempre tive muita gente que não gostava de mim, isso nunca me incomodou, as vezes precisamos de bodes espiatórios pros problemas do dia a dia, e algumas vezes esse era eu.

Como todo confronto, existe um limite entre a paz e a guerra. E naquele dia o cara passou esse limite. Estava eu, cuidando da minha vida, fazendo os trabalhos escrotos da escola na sala, esse cara aparece, fala um monte de besteiras e rasga algumas folhas do que eu escrevia. Até hoje eu não sei o motivo disso.

Discutimos na sala e ficou decidido:

"_ Te pego na saída "


A notícia se espalhou pela escola como fogo em palha seca, todos sabiam que o almofadinha tinha arrumado confusão. No fim da aula e já tinha gastado alguns minutos pensando em estratégias de combate, quais os pontos em que os socos e chutes doem mais. E o principal, caso eu estivesse na pior, rotas de fuga(haha).

Chegando ao portão principal encontrei muita gente, pessoas de outros turnos, de outras séries, parecia uma rinha de galo. Como Rocky e Ivan Drago em "Rocky IV" chegamos ao centro da roda, muita gente olhando, muita gritaria, e muita preção, o perdedor alí seria humilhado frente a escola toda. E eu não queria esse vergonha na minha ficha.

Começou, um cisca pra lá, o outro joga a mochila no chão, e partimos pra dança. Dando socos, tomando socos, fugindo, atacando, pulando, correndo e me abaixando, e depois de 5 minutos chegou o fim, ele abriu a guarda e eu entrei com o golpe final, um cruzado de direita direto nas têmporas, ele cambaleou, andou pro lado, e saiu da roda.

Eu venci, desafiei e venci. Claro que depois de alguns dias, voltei a ser esquecido, ninguem mais se lembrava do vencedor da semana anterior, e mesmo que lembrassem, que diferença faria?

E a lição é: " Aprenda os momentos de atacar e fugir"

domingo, 18 de janeiro de 2009

Cine no meio do nada


Adoro ir ao cinema e ver um bom filme, mas infelizmente no local aonde moro, não existem cinemas nas redondezas, tenho que pegar no mínimo 2 conduções pra encontrar um decente. E alguns filmes merecem uma ida ao cinema, mesmo que isso custe muita dor de cabeça e tempo de deslocamento. O filme que todos queriamos ver era "O Ilusionista", um filme muito bom por sinal, quem tiver oportunidade assista.

Descobrimos um cinema não muito longe daqui e decidimos ir ver se era bom. Eu não conhecia o lugar, mas sabia chegar. Fomos e descobrimos um cinema muito bom, cadeiras confortáveis, preço justo pela entrada, refrigeração ruim, mas nada que incomode. Pagamos a entrada e fomos para a sala, e como todo arruaceiro que se presta chegamos fazendo bagunça ( o filme ainda não tinha começado), chegamos falando alto e reclamando da vida, algumas pessoas não gostaram e nos olharam feio, mas quem se importa... haha.

Vimos o filme que eu já disse, é bom e decidimos ir embora. Chegamos no ponto e os outros vagabundos me perguntaram qual ônibus tomar, eu disse não saber, veja bem... eu sabia chegar lá, voltar são outros 500. Todo mundo ficou puto, mas não podiam me culpar, eu não disse que sabia voltar. Perguntamos pra alguns pinguços num bar sobre qual condução tomar, nenhum deu informação que ajudasse, voltamos à estaca zero... pra se ter idéia nem o nome do lugar eu sabia, mas sabe-se lá como eu consegui chegar lá.

Enfim o dono do bar disse que tinha um ponto de ônibus no fim da rua, e fomos até lá. O tal ponto de ônibus era uma praça mal iluminada e cheia de drogados e mendigos, duvido que aquilo fosse um ponto de ônibus de verdade. Esperamos um pouco e nenhum ônibus passou, já eram mais de 22 horas e o lugar estava ficando deserto, não parecia nem um pouco amistoso que dirá seguro.

Depois de já praticamente perder as esperanças de sair daquele buraco parou na rua uma kombi totalmente arrebentada, com um motorista totalmente maltrapilho, e perguntou se nós estávamos indo pro tal lugar onde se pega ônibus. Discutimos a respeito do motorista e decidimos que ele não era confiável, mas estávamos ficando preocupados, já eram mais de 23 horas e não tinha passado nada parecido com um coletivo.

E fomos com o sujeito estranho mesmo, violando todas as minhas regras entrei na kombi, cheirava mal e não parecia nada segura, mas era nosso passaporte pra liberdade. Depois de muito chão, finalmente chegamos num ponto final, ou coisa do tipo, e lá ficamos esperando uma condução. Não sei o motivo, mas os vagabundos iniciaram uma discução braba, dessas de se gritar e tudo, e era mais ou menos assim:

_ Presta atenção nessa porra, senão agente vai ficar mofando nessa merda. dizia um
_ Calma, agente já chegou na ponto, agora é só esperar. Dizia outro
_ Calma é o c*a%$r#alho, eu já me cansei dessa merda. Dizia o um
_ Então vai se f*u#@der, para de gritar. Dizia o outro
_ Eu não tô gritando, é essa música que tá muito alta. Dizia o um
_ Que música? não tem música nenhuma. dizia o outro.

Ninguem descobriu qual era a tal música, na verdade música alguma estava tocando, até hoje achamos que o "um" ficou louco . Pegamos a tal condução( essa eu conhecia), fomos todos pra casa, já sem vestígios da discução. Nâo sei ainda que diabos era aquele lugar, mas nunca mais fomos naquele cinema.

E a lição é:
1°- " Somente vá a lugares dos quais você sabe voltar"

Ps: Recentemente recebi um e-mail de uma leitora daqui( que não se identificou), me dizendo que as minhas liçoes eram estúpidas e que eu estaria tentando empurrar filosofia barata pras pessoas. Espero que essa pessoa nunca mais volta aqui, minhas lições, são as coisas que eu aprendo nas minhas estrepolias da vida. Se vocês acham que elas não valem nada, me desculpem, é só falar e eu paro de publicar. Só acho que é uma forma divertida de encarar as cagadas que me acontecem.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Praia, sol e diversão


No meio do verão, aqui no rio tem feito muito calor, hoje por exemplo deve estar perto dos 40°, e me lembrei de uma boa estória.

O Rio de Janeiro tem lindas praias, basta saber procurar. Não preciso ir muito longe para encontrar areia e água, e como todo carioca que se preze eu adorava praias, mas veja bem “adorava”. Quando estava terminando o ensino médio, quase todos estavam procurando vestibulares, as melhores faculdades, ou simplesmente empregos; eu não, tinha outros planos e não envolvia fazer provas naquele ano( fica pra outra postagem esses planos). Juntei-me a outros vagabundos e decidimos ir à praia em um feriado escolar, decisão totalmente equivocada.

Fomos à praia de Ipanema, era um dia de bastante sol, muita gente bonita e muita gente feia também( esse é uma dos problemas de qualquer lugar, dividir ambiente com gente feia e gente bonita, haha). Chegamos bem cedo não deviam ser nem 8 horas da manhã, o dia prometia muito sol. Nadamos, tomamos caixote, andamos pela areia, andamos pelo calçadão, fizemos amigos de praia( gente que você só conhece por no máximo 1 dia, e mesmo assim só na areia) e pegamos muito sol. Não vou dizer que estava ruim, muito pelo contrário, é difícil hoje em dia eu me divertir tanto quanto naquela época, nenhuma preocupação, a escola não me dava problemas( quase sempre tinha boas notas, que me permitiam não precisar enfiar as caras no livro o tempo todo), o ar era mais puro, os dias mais claros, os sons mais doces. Quando tento me lembrar dessa época de vagabundagem me dá até vontade de chorar... hahaha.

Mas voltando à praia, ficamos por lá muitas horas, era quase 4 horas da tarde e decidimos ir embora, pegamos um ônibus e fomos pelo caminho da roça de volta pra casa. Nem preciso dizer que estava vermelho como um camarão ( sou bem branco), minha pele ardia como se fosse cair, parecia que eu tinha sido descamado. O simples toque do tecido da camisa era como se me enfiassem facas, sentar então... só com as costas bem longe do encosto do banco.

Chegando em casa a dor piorou, acho que a sensação de alegria foi embora. Fiquei por dias não conseguindo sequer dormir em paz, tinha que por gelo nas costas para desfrutar alguns minutos de alívio. Peguei um terror tão grande do sol que nunca mais fui à praia, e isso faz 3 anos, só de lembrar da dor perco a vontade de encarar a praia totalmente. Hoje, analisando a situação percebo a irresponsabilidade que eu tive de tomar tanto sol, mas fazer o que errando se aprende.

E a lição é:

1°- “A dor é o melhor professor”

sábado, 10 de janeiro de 2009

Rock Porrada

Gosto muito de rock, sempre que posso eu ouço meus cd's antigos, ouvir um bom Pink Floyd, AC/DC, Iron Maiden. Existe um sub-gênero dentro do rock que sempre existiu e eu nunca fui muto fã e é o mais pesado, normalmente isso não se canta, se urra, e geralmente nos shows dessas bandas as coisas ficam feias, e é assim que começa a história de hoje.

Faz algum tempo fui chamado por uns amigos para ir a um show de umas bandas cover(imitam as bandas reais), já tinha ido outras vezes e sabia do que se tratava, geralmente a música é ruim, mas niguém se preocupa com isso, a intenção é pular e dar porrada nos outros, e mesmo sabendo disso eu fui.

Logo chegando ao local do show( um clube antigo), ví pessoas das mais estranhas aparências, gente pintada de várias cores, usando roupas estranhas e falando estranho, mas eu estava com meus amigos e não me preocupei, ao entrar no clube reparei em 2 coisas:

1°- Os seguranças não eram dos mais fortes, e que não iriam controlar cosa alguma no show.

2°- Ao ser revistado percebi na mesa de "apreenções" uma faca e várias coisa de ferro, temi que alguém tivesse entrado com algum objeto daqueles sem os seguranças perceberem.

Mas estava tudo bom, a música era ruim, muito alta( é assim mesmo), e estava me divertindo com meus colegas. Eu estava no segundo andar do clube e pude observar no primeiro andar focos de rodas de gente se batendo( já conhecia isso, mas não me lembro o nome que tem nas ruas), parecia divertido, todo mundo pulando, dando e recebendo golpes de todos os lados.

Lá pelas tantas da noite resolvi entrar na roda, fomos todos pra dentro da roda, é impressionate, porrada de todos os lados, você dá chutes e toma cotoveladas e pula e dá socos, estava me divertindo bastante, as mulheres que vierem a ler isso talvez não entendam, mas o prazer de dar um soco em alguem no meio da adrenalina é muito incrível, experimentem.

Tivemos uma pausa entre as músicas e fomos ver os ferimentos, niguém muito debilitado, todos ainda dipostos a bater muito. Começou a música e voltou a pancadaria( não me lembro o que estava tocando, até porque não importa), e eu voltei a bater e apanhar, mas aí as coisas ficaram ruins.

No meio dança(porradaria), dei um soco em alguém que não deve ter gostado, e depois de alguns movimentos fui atingido por um cotovelo direto no meu nariz, um golpe cinematográfico. Comecei a sentir sangue e decidi sair da roda, mas é como a gravidade que te puxa para o centro, sempre tem um que quer te puxar pro meio, mas depois de muito esforço consegui sair.

Fui avaliar os estragos no banheiro, não parecia ter quebrado, conseguia respirar e o sangramento tinha estancado, só estava inchado. Acabou a música e meus amigos vieram me procurar, e eu estava parado no segundo andar com minha camisa( branca) coberta de sangue, e o pior eu estava sorrindo, nos piores momentos é que agente se diverte.

Ouvimos mais algumas músicas e fomos embora, ao alcançar a rua percebi minha audição afetada( o som estava muito alto) e a adrenalina indo embora( meu nariz começou a doer). Fiquei por dias com a audição ruim, mas tudo voltou ao normal depois, e acho que não volto mais pra esses shows, é violento demais.

E a lição é:

1°- " Aproveite a vida, um dia você vai estar velho e vai se arrepender se ficar parado hoje"
2°- "Não realize essas proezas sem o acompahamento de um profissional treinado"

domingo, 4 de janeiro de 2009

O bundão das quadras


Pouca gente por aqui sabe, mas eu jogo tênis a muitos anos, participei de alguns torneios quando era mais novo( nunca ganhei 1), e modestia a parte, jogo bem. Quem já participou de qualquer competição sabe que o fato de você ser bom é o menos importante em quadra, tudo importa, sua cabeça(principalmente), e até sua sorte no dia. E de um desses torneios que participei eu me recordo bem.

Eu devia ter por volta de 15 anos, estava doido para ganhar meu prmeiro campeonato, treinava quase todos os dias, sentia-me confiante na partida daquele dia. Meu pai/treinador/patrocinador/preparador físico/pisicólogo, estava comigo, junto do resto da minha equipe. Esse torneio tinha um pouco de peso no círculo de tenistas que eu frequentava, e ganhar aquele troféu seria importante para mim, não estava preocupado com o adversário daquele dia( era um bundão qualquer), meu verdadeiro algoz era outro competidor, e esse com certeza iria até a final( e foi mesmo, até ganhou o torneio).

Cheguei no clube com pompa de jogador profissional, os organizadores da competição conheciam meu pai, e eu estava por dentro de tudo que acontecia. Faltando pouco tempo para o início do jogo, meu adversário chega tambem, eu estava aquecendo a bastante tempo. Ele entrou na quadra esquentou um pouco e a partida começou.

Nos primeiros movimentos do jogo ví que ele era bem ruim. Tinha movimentação ruim, movimentos fracos, era muito novato, não seria difícil. Comecei o jogo e abri uma vantagem monstruosa 6/0 no primeiro set( isso quer dizer que ele não me fez ponto algum). Fui para o intervalo do jogo, meu pai me falou algumas coisas, eu fingi que ouvia e voltei para o jogo.

Por incrível que pareça aquele infeliz voltou para a quadra com a mesma cara que entrou no jogo, meio bobo, meio babaca, parecia que não ligava de estar tomando uma surra, isso me irritava. Comecei o segundo set e chegaram os meus problemas, parecia que eu tinha esquecido de como jogar, meus golpes tinham perdido força e precisão, tudo dava errado, e o infeliz começou a crescer na partida. Hoje eu sei o que ele tinha e eu não, paciência, eu era afobado demais, queria correr e acabar com tudo logo.

E ele conseguiu me vencer no segundo set 6/4, isso me tirou do sério, como aquele infeliz sem saber jogar nada conseguiu me vencer o set. Meu pai voltou a falar algumas coisas e eu fingi que escutava de novo. Voltei para a quadra e dessa vez com raiva ( é o pior sentimento que pode entrar na quadra), estava com ódio do cara, eu olhava para ele e via ele esboçando sorrisos as vezes, como me dava raiva, tinha vontade de pular a rede e partir a cabeça dele em dois com a raquete.

No meio de último set ele me fez um ponto ridículo, fiquei muito chateado, não era possível, os organizadores que assistiam ao jogo estavam abismados com o crescimento do bundão no jogo. Certa hora eu fiquei tão puto que joguei a raquete no chão com toda a força, detruí ela completamente( não pensem que isso saiu impune), o juiz me advertiu, mas eu não ligava. Continuei o jogo e perdi por 6/4 novamente. Saí da quadra sem cumprimentar ninguem, estava puto da vida, aquilo não podia ter acontecido. Fiquei semandas sem jogar depois daquela derrota.

Depois de muito tempo puto voltei a jogar, mas nunca mais participei de torneio algum. Sei que aquele sujeito não teve culpa, mesmo sem ele saber ele me deu uma lição para a vida toda, não entro mais em competição mas por preguiça de voltar a treinar, continuo jogando mas só por diversão. Eu sei a resposta, mas me digam vocês, no fim das contas quem é o bundão das quadras?

E a lição é:

1°- Não subestime nem o pior dos adversários.
2°- Tenha calma em todos os momentos críticos.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Cerveja custa caro.


Não sou grande bebedor, mas às vezes saio com meus amigos pra tomar umas cervejinhas e relaxar. E isso geralmente não tem como programar, tá todo mundo junto, aí surje a vontade de beber, ligamos para os outros vagabundos e em algumas horas todo mundo se reuniu(ou não).

Certa vez, estava eu voltando do curso numa sexta feira( tinha sido um dia pesado, daqueles que eu rezo pra terminar logo), e chegando perto de casa encontro alguns amigos na rua; pronto surgiu a oportunidade. Eles estavam planejando sair( se não me engano íamos comemorar alguma coisa, não devia ser importante), e me convidaram, mesmo não estando com muito dinheiro decidi ir. Troquei de roupa e fomos,chegando me deparei com um bar, ligeramente limpo e ligeiramente movimentado. Alguns vagabundos já tinham chegado ao bar e resevado algumas mesas, não me lembro quem, mas alguem conhecia o dono do bar, e éramos servidos com fartura.

Das pessoas presentes eu conhecia poucas, mas isso nunca é problemas, depois de algumas cervejas e de um pouco de papo todos éramos amigos. Depois de algum tempo percebemos que as cervejas estavam acabando rápido demais, paravam na mesa e secavam na mesma hora, e alguns ficavam com seus copos vazios, com olhares tristes e perdidos. E foi aí que o garçom encontrou uma solução, em vez de ele ter que trazer 10 latas de cervaja de uma vez, as latas já ficariam na mesa de uma vez, mas aonde? dentro de uma lata de lixo de alumínio cheia de gelo... isso mesmo uma lata de lixo, mas como eu disse o lugar era ligeiramente limpo e não me incomodei.

E ficamos por horas a fio conversando e bebendo as cervejas da lata de lixo(literalmente...haha). Chegava sempre mais gente para se juntar, (nunca presenciei tanta gente junta num evento informal como aquele), tinha pessoa de tudo que era tipo, de muitas crenças, e até um americano que era amigo de alguem. Parecia, sei lá, um monte de gente bêbada reunida no mesmo lugar.

E dentro das conversas às vezes eu identificava focos de discução, mas não dava para separar uma coisa da outra, parecia uma conversa meio agressiva, coisas do tipo:

_ O Nazismo era ruim... Dizia Um.
_ Não, era muito legal, eu odeio judeus( duvido que fosse verdade). Dizia Outro
_Mas você não pode falar assim. Replicava um
_ Claro que posso, eu falo o que eu quiser. Gritava o Outro
_ Ah, então vai se #@$¨*. Gritava o Um

Mas é claro, tudo em um tom amistoso, e era isso o que me confundia. E esse foi um dos tópicos, no total discutimos sobre coisas diversas, mas claro nunca chegamos a lugar nenhum nem a conclusão nenhuma.

Percebi que as cervejas estavam acumulando na mesa em velocidade espantosa, as latas somavam mais de 40 sem sombra de dúvida. Eu tinha pouco dinheiro, não ia bancar aquilo nunca, esperava que os outros tivessem o restante da quantia, caso contrário iria trabalhar no bar por muito tempo.

Chegou o fim da brincadeira, era hora de acertar a conta. É o momento que todo mundo se olha estranho, ninguem ri, niguem fala nada. Chegou a conta R$105,00, e mais um diálogo:

_ Olha galera, passou dos 100, vamos metendo a mão na carteira e acabar logo com isso. Dizia o infeliz que pediu a conta.

Todo mundo começou a tirar dinheiro e botar no centro das mesas, tinha moeda, nota, botão, pedra,tudo em cima da mesa. Somando tudo o que pusemos ,deu R$40, faltavam 65.

_ Vamos pessoal, aqui não tem nem metade. Dizia o infeliz da conta

Mais uma vez e dessa vez surgiram algumas reclamações, alguns xingamentos, e novamente a quantia foi somada e dessa vez dava pra pagar, mas por pouco.

Na hora da despedida foi abraço pra todo lado, gente que só falatava chorar e apertos de mão, como se todos fossemos amigos de tempos( nunca mais ví a maioria das pessoas daquele dia). Voltando para casa, vomitei quase tudo e fui para casa feliz da vida.

E a lição é:
1°- Se beber não dirija( todos voltamos de ônibus).
2°- Calcule o quanto está comprando antes de consumir.